quinta-feira, 9 de junho de 2011

Umidade

Inopinado inicia! Quando acabaria!
Agora menos macia! Caiu à padaria!
Beleza pouco existia! Fim da putaria!
Cabelo fugia! Quem precisaria!
Pele sobre caída! Esconde a mixaria!
Na boca até mole judia! Fralda meio vazia!
Chá de todo dia! Daquela drogaria!
Tudo ali tremia! Meio à gritaria!
Há filhos em vida! Quem visitaria!
Palavra vazia! Vulto avistaria!
Toda correria! Nada lembraria!
Urna se fecharia! Uma vaga abriria!
Em raízes estaria! Naquela terra fria!

Josprey

quinta-feira, 26 de maio de 2011

A carga

Meu burro morreu de fome, com fome ele estava!
A procura de verdes pastos, verdes pastos não avistava!
Longa noite atormentada, logo cedo acordava!
Carga longa e pesada, dia a dia carregava!
Dia longo e longo dia, volte meia madrugava!
Entre ruas apertadas, bem perdido ele andava!
Horas de estrada, vida essa lhe restava!
Vida triste ressecada, mês a mês ele esperava!
Fome volta e revolta, mas o feno lhe faltava!
Vida dura amargurada, só a força não restava!
Mais parece vida escrava, burro novo procurava!

Josprey

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Saudades

Aqui estou mais uma noite sob lentes da câmera vigia!
Pensamento não visualizado nada sentiria!
Lembrança daquele sorriso gravado na vontade que permanecia!
Não se apagariam com o passar de horas intermináveis deste dia!
Aguardando futuro nascer do sol, que da vida a mais um dia!
Irradiando a alegria em estar vivo outro dia!
Contemplar novamente a pele macia!
Circundando a boca qual projeta o mais belo sorriso do dia!
Faz-me lutar pelo amanhã na esperança de sentir mais um dia!
Lábios misturados ao fervor do perfume a vagar pelo dia!
Permanecem intactos na lembrança daquele dia!
Faz-me vivo amanhã para lembrar-me do que ontem existia!
Deixa-me vivo hoje para não perder o amanhã como dia!
Se hoje só para ti existir o dia!
Guarda-me sempre onde em mim tu existias!

Josprey

Feliz idade

Felicidade palavra síntese de momentos felizes, tudo que possa trazer prazer em realizar, ao somá-las saberá se a tem. Vivemos em uma sociedade culturalmente apavorada com a idéia da morte, nos apegamos à religião para explicarmos coerentemente que após não existirmos mais como matéria alcançaremos uma verdadeira felicidade, esta por sua vez causa tristeza e dor para os que ficam com a ausência, é possível concluirmos que ao chegarmos à verdadeira felicidade ficaria então a dor, raiva, ódio e outras tantas palavras para os que aqui permaneçam. Dotados de inteligência, possuidores de pensamentos, armazenadores de conhecimentos e sabedoria, tudo nos leva a busca continua para permanecermos como matéria viva, esta se degrada até nos tornarmos organicamente nutritivos para outros seres, um ciclo ininterrupto de inicio e fim, e este não queremos saber. Vivemos numa eterna confusão entre ser e estar ou não estar e ser, ganharmos dores ou perdermos alegria, ter ou querer, lutar ou desistir, depois daqui quem estará feliz.

Josprey

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Memórias Nóstumas – Solvente Universal

Dominado por uma necessidade viril em um encontro ardente, sentira em seu ventre a dor da cólica que anunciara o que estaria por vir, repentinamente enclausura-se a fim de gastar míseros e imperceptíveis segundos, brigando com o sangue que o deixara ereto, sente escorrer fervente um alívio imediato, no conforto do ato bem sucedido que levara sua mente a crer que parecera uma simples expulsão de líquidos, assiste o escorrer na louça de águas que levariam todo e qualquer constrangimento, estranhamente nada era normal, como em uma fuga em massa, tudo se lançara e ao chão no escorrer desenfreado de águas descontroladas. Bravamente em posse de macias toalhas brancas cercara rapidamente seus mais fétidos expulsos, gastara a maior parte de seu bem pago tempo, na limpeza das felpudas, mal bem dito solvente universal, realmente necessitara de um banho e duas toalhas para enxugar-se.

Josprey

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Patria Nossa

Gigantes apontam no horizonte, logo estão entre nós, refletida nossa imagem nas bugigangas da maldade, peles brancas a suar em vestes doidas. Outros diferentes daqueles aqui vieram ficar, das mulheres que aqui viviam e vieram morar nascia mais um mulato, mameluco ou cafuzo então. Deuses vieram nos cobrar, perdemos liberdade, ganhamos dores jamais sentidas do escorrer do nariz até o corpo não resistir, riquezas levadas ao mar transformar-se-iam em mais alguns homens no lar, quinhentos anos se foram, alguns milhões de hectares ao mar e homens ao lar, entre eles japalucos, alemuzos, espanholatos e outros mais. Pátria amada tão gentil, berço de riquezas e quarto de luxúria, dos filhos desse solo és tu Brasil.

Josprey

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Crianças excepcionais, adolescentes especiais e adultos sem igual

Na eloqüência de um mundo esmagador, competitivo, cruel, discriminatório, acelerado, desigual, preconceituoso, excludente, depare-se então com uma cadeira, poderia ser mais um assento confortável ou terrivelmente postado ao final do corredor da morte, não, ali esta ele, ela, eles, elas, vários deles sobre elas, com olhares vagos que parecem tristes, como se realizar, fazer, brincar, divertir, sorrir, chorar, cantar, sonhar, e tantos outros fossem verbos apenas praticados pelos tantos milhões de independentes normais. São admiráveis aqueles que passam horas de seu tempo e enchem seus corações de lagrimas ao ver esses verbos brotarem como um feijão lançado no algodão embebido de água que lentamente ganha à força que o sustentara pela vida. Quão gratificante conhecer um amor acima de qualquer pré conceito, receber aquele sorriso repleto de uma alegria excepcional, um saudoso abraço especial, se tornar um agregado totalmente igual, onde a sociedade espetacular não tem lugar, onde demonstrar um carinho não tem hora tampouco lugar, sendo um mundo sem igual. Conheci um mundo excepcional onde tua vida não parece tão normal!

Josprey

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Mulher

Da costela ou da macaca mais bela!
Geradora dos mais fortes frutos para guerra!
Apogeu das gordas roliças de ancas largas, seios não falta!
Inspiração literária do trovadorismo ao modernismo!
Pintada sua beleza esteticamente renascentista!
Instrumento de divulgação e ditadura de moda e beleza!
Numa sociedade do espetáculo, perdera as ancas e os quilos!
Conquistas sociais e busca incansável de beleza!
Numa eterna dialética cultural!
Excelente profissional!
Administradora do lar e tal!
Não importa o tamanho da panela!
Há uma tampa para ela!
Enriquece o que há dentro dela.

Josprey

sábado, 20 de dezembro de 2008

Memórias Nóstumas - A cura

Numa dessas procuras instintivas motivados pela alegria conquistada na bebida, lá estava ela a espera de algum sujeito bem pago que lhe proporcionasse algum capital, mal sabia que boas palavras fariam trocar o bem pago pelo bom papo, levando a fornecer seu endereço e a entrada facultada de suas entranhas. Num ato bem sucedido poupara um tanque para o possante e alguns milhões de ejaculantes. Lá estava ela com sua calcinha de debutante coberta por uma barriga pós gestante, as cáries lhes comiam os dentes, mas os peitos lhe faziam a frente, mãos correm o ventre numa procura eloqüente, um mamilo toca os dentes, o sangue salta os vasos ao tocá-lo nos lábios, a procura desesperada, onde estará seu irmão amado? Teria sido o amamentado? Um marido mal amado? Num ato viril manteve-se armado ao beijar o decapitado! Um sabor amargo fez lembrar uma lambida na ferida do passado! Terá ele a livrado de uma infecção? Lhe tirado um câncer então? Só sei que ela vive com dois peitões e uma lâmpada queimada.

Josprey

Memórias Nóstumas - Lavou ta novo

Em dias de loucuras coletivas, lá estamos nós, mais uma vez aquela “piazada” atrás de uma noitada que nos faça ter um contato com alguma espécie feminina! Em uma noite considerada perdida por muitos, feliz para poucos, todos embarcávamos atrás de um tratamento mais especial, esquecendo do detalhe da ausência geral de dinheiro apenas conseguimos alimentar o pensamento e o ralo do banheiro! Numa dessas noites, um bravo amigo, bom de conversa, conquista o carinho e o afeto de todas as meninas de uma casa de escambo, o carinho é tanto que não bastasse se tornar segurança do local vira o rapaz mais ciumento presente em ambientes análogos. A partir deste momento já não podíamos mais molestar a namorada de nosso amigo, sujeitos a termos a inimizade de nosso companheiro de caça. Tornara-se um bom e especial namorado, daqueles que leva e trás sua amada do trabalho, como poderíamos em sã consciência explicar atos do coração? Tínhamos de respeitar tal sentimento, a partir disto comecei a me sentir menos louco e acreditar mais nos sentimentos. O namoro não perdurou por muito tempo, pois cobiçara as amigas de sua amada, um pecado mortal para qualquer coração!

Josprey

Memórias Nóstumas - A queda

Meu amigo, já o mais velho de nós moradores do “broklin”, acabara de ganhar a maior e mais bela bicicleta. Nas dependências do condomínio onde brincávamos por longos anos, fazíamos campeonatos de saltos de bicicleta nos grandes desníveis que separam os blocos ali presentes. Em uma demonstração de sua superioridade e suas habilidades, meu amigo postado em sua bicicleta em disparada, daquelas em que as pernas já não causam nenhuma contribuição além de retardar o movimento pelas batidas do pedal nos tornozelos, salta para conquistar o “record” por nós disputados diariamente, um salto bem sucedido no primeiro desnível e nos subseqüentes, uma bela apresentação encerrada no ultimo desnível, ao tocar o pneu dianteiro no solo, o garfo de sua bicicleta não suportou o impacto causado pelo choque de vários quilogramas em queda livre, fazendo com que seu corpo fosse brutalmente freado pelo impacto de seu peito no guidão, tirando-lhe completamente o ar dos pulmões, em alguns passos de desespero a única coisa que conseguira dizer foi, “cadê minha roda?”, seguida de um longo desmaio. Não sobrou um único amigo, adversário, competidor que não caiu numa feroz gargalhada frente a monumental queda! Os mais perceptivos notaram que se fazia necessário prestar socorro com urgência, e agora como explicar para mãe dele o acontecido, se a mesma possui uma enfermidade no sistema auditivo que a deixara surda a anos, em desespero ela saiu correndo ao entender apenas que seu filho havia morrido, chegando ao local o mesmo já havia recuperado os sentidos após ser literalmente esbofeteado por uma moradora que dizia ser a única forma de reanimá-lo, de uma forma rude não muito compreensível meu amigo é levado num andar forçado puxado pelas orelhas para ser assistido.

Josprey